terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Natal

E ainda ontem foi Natal... e hoje ouvimos novamente o som dos sinos a ecoar em nossos corações. 
Já compramos os presentes, ou pelo menos já elaboramos uma lista mental, com uma lembrança para os que nos são queridos. 
As caixas de email começam a encher-se com os votos dos amigos ausentes que fazem questão de se manter presentes na nossa vida. E somos todos um pouco mais melancólicos  um pouco mais carinhosos, um pouco mais condescendentes. 
Talvez para nos purgarmos das culpas acumuladas durante o ano, das nossas próprias falhas, das nossas ausências, enchemos de um amor fraterno os nossos corações e permitimos que o espírito natalício se instale em nossas vidas por duas ou três semanas, até regressarmos à rotina de um novo ano, com a mesma impaciência, falta de tempo, onde a misericórdia e caridade se esgota no dia-a-dia. 
"O Natal é quando um Homem quiser" todavia, o Homem raramente quer, dificilmente tem disponibilidade e vontade para "Natalizar" todos os dias, ou uma vez por semana, até por mês... 
Se nos esquecemos dos que amamos? Claro que não! Apenas não nos lembramos sempre, estão lá mesmo que semi-adormecidos nos nossos corações pequeninos. Se precisarem corremos para eles, mas só se soubermos que precisa, porque há dias em que não perguntamos e também não nos transmitem. 
Depois há os que não são nossos amigos, não pertencem ao nosso grupo social e de alguma forma se tornam invisíveis, alguns não pertencem ao grupo de ninguém, demasiado ocupados na arte de sobreviver para desperdiçar tempo em laços sociais. Mas são quem realmente precisa e não são culpados de serem anónimos para todos. Claro que no Natal também eles são de alguma forma lembrados, sem saber avaliar no entanto se é pela proclamada solidariedade ou apenas para diminuir o peso das nossas consciências... Compramos uns ténis de 100 euros para oferecer a crianças de 5 anos e damos o euro do carrinho às crianças descalças, descalças de sapatos mas mais descalças ainda de amor, carinho e atenção. 
No Natal da crise, compram-se presentes valiosos para os chefes com grandes ordenados e passa-se em vão pela empregada de limpeza que nem um presente para o pequeno filho consegue comprar., talvez nem o bolo rei, nem mesmo o bacalhau.
E este Natal a maior benção para todos seria que nos pudéssemos tornar pessoas melhores, fazer o Natal todos os dias talvez seja uma utopia, mas distribuir um pedacinho do Natal pelo ano inteiro já deve ser possível. Se houvesse um mundo justo e solidário não necessitaríamos de milagres de Natal para a felicidade.





segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A lebre e as tartarugas

Era uma vez uma lebre e uma tartaruga... Não, recomeçando: era uma vez uma lebre e duas tartarugas, ou talvez fossem só tartarugas e uma delas meia autista considerava-se uma lebre, ainda mais lenta que as outras duas, mas a quem a auto-estima em exagero a fazia acreditar em velocidades que nunca existiram...
Então a dita "lebre" lançou um desafio às tartarugas: "Amigas e se fizéssemos uma corrida para ver quem chega mais rápido até aquele lugar. Uma das tartarugas, considerando que nunca chegaria tão rápido como aquela a quem se habituou a idolatrar sugeriu com toda a simpatia, tá bem fazemos uma corrida contra a nossa amiga ali, eu sento-me nas tuas costas e tu corres comigo, vemos se ganhamos nós ou a outra lebre. E ficaram convictas de que a vitória seria sua. A lebre preterida, aborrecidissima, sentida e magoada aceitou contrariada, apenas porque não fazia parte da sua forma de estar na vida recusar desafios... Mas sabia bem o quão injusto seria a corrida, sabia que podia correr tanto como as amigas, mas sabia também que estas amigas já tinham ido um ou dias dias antes reconhecer o terreno até à meta, sabia que estas tinham, relações privilegiadas com o arbitro da partida, que certamente lhes seria permitido trapacear o concurso, e acreditava que a lebre até acusaria dopping se fosse realizado um teste... Um teste anti-dopping que não se realizaria nunca porque o juiz da partida e os responsáveis pelo concurso eram as pessoas com quem saía todas as semanas para jantar, beber, fumar.. Mas a tartaruga, não iria dar papel de fraca e iria participar, sabia bem que os adeptos presentes conheciam as injustiças daquele jogo...
Por sua vez, as amigas que correriam juntas sentiam-se já vencedoras, seriam as primeiras a chegar à meta. Riam-se uma com a outra sobre a outra triste e disparatada e acreditava que algum dia lhes poderia ganhar, elas que estavam unidas, e que contavam com o apoio da organização do evento, que sabiam que a corrida nunca seria justa mas que ganhariam acontecesse o que acontecesse, em ultimo caso o àrbitro a desclassificaria, já estava tudo combinado...
Então a tartaruga solitária, começou a correr todos os dias para treinar, sabia por certo que não ganharia aquela corrida mas estaria preparada para outras...
Chegou finalmente o dia e o arbitro deu o apito final, a "lebre" lá ia com a tartaruga a tiracolo e a outra tartaruga correndo correndo, dando o melhor de si, não para competir com elas mas para testar os seus próprios limites e agradar a si mesma e aqueles que gostavam de si... 
Como a tartaruga estava sozinha, passou à frente às duas amigas... E estas, muito intrigadas entre si, não compreendiam porque o juiz não a desclassificara ainda, esperava que a obrigasse a voltar ao inicio evocando que esta avançou antes do sinal ou não partir da meta mas mais à frente, afinal era o combinado... Enganaram-se porém...  A Federação do Atletismo decidiu alterar a equipe de arbitragem em cima da hora, eram já desconfiados da falta de fiabilidade daqueles que de uma forma ou de outra premeavam os mesmos amigos, as mesmas pessoas...
As duas foram ficando para trás... e a tartaruga sem olhar para trás sem tão pouco saber onde estavam as outras cortou a meta, porque afinal tinha capacidades que ela própria desconhecia e que os outros tentavam camuflar. 
Percebeu então, no dia dessa corrida, o tempo que perdera enquanto se limitava a acompanhar as duas perdedoras!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Amor e rotina

Existem pessoas que passam pela nossa vida, de forma mais ou menos breve deixando  em nós demasiado de si. Pessoas que nos deixam uma saudade permanente, desesperante, no início e doce, passado muito tempo, mas que pode sobreviver toda uma vida. A saudade daquele olhar divertido e cúmplice  de todos os disparates, que mais ninguém consegue dizer e fazer-nos rir,  a falta de um sorriso, daquele abraço breve mas  intenso. Sentimos que nos fará falta a vida toda, nem que fossem só 5 minutos por semana, voltar a sentir o mundo abrir-se num olhar apaixonado e fechar-se num abraço apertado... Aquela pessoa que nos faz reconhecer o seu perfume em qualquer outra pessoa, em qualquer parte do mundo, deixando-nos o desejo de ficar só mais um pouco para sentir como se ainda estivesse ali! Alguém que nunca vamos culpar de nada, porque adoramos ao pormenor todos os seus defeitos, e que comparamos inevitavelmente com qualquer outro que cruze o nosso caminho com intenção de ficar...
E depois, então depois, existe outro sentimento, por outras pessoas... A falta de ter alguém ao lado no cinema só para segurar a mão, porque claro que só íamos para ver o filme. Das mensagens no telemóvel, é mais aborrecido mantê-lo mudo por horas, sem chamadas nem sms... Pessoas de quem sentimos a falta mas que não nos tiram o sono (se calhar nunca tiraram...). Aquela recordação do "Quando estava com ele ao domingo faziamos isto... e na passagem de ano iamos ali..." A falta do jantar no dia dos namorados e da surpresa  no aniversário. Pessoas que fazem falta para completar o nosso quadro... Mas que não nos fazem chorar e para quem não temos vontade alguma de ligar a cada grande novidade na nossa vida, até porque não chegamos a decorar o número dessa pessoa. Pessoas por quem nunca sentimos amor ou uma grande paixão, apenas um sentimento de habituação, cómodo e rotineiro. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O amor dá trabalho

Quando nos apaixonamos é tudo demasiado perfeito, é como se a nossa energia se multiplicasse por mil. Não temos sono, não temos fome, e somos capazes de passar todas as horas com o pensamento  na mesma direção, o objeto da nossa afeição.
Entre sms, telefonemas, encontros furtivos... cada segundo parece valer por milhões de anos, mas esta euforia raramente dura muito tempo...
Em pouco tempo, torna-se tudo demasiado repetitivo, os mesmos lugares, o mesmo cinema, o mesmo tipo de filmes, e acima de tudo as mesmas duas caras a olharem-se dia após dia... Nada mudou e essa não-mudança altera tudo! 
É como quando iniciamos uma nova modalidade desportiva, há uma azafama inicial e em pouco tempo é como se não houvesse tempo para a praticar como antes, quase que ficamos entediados, se fosse algo novo até íamos mas fazer outra vez aeróbica  parece que deixou de interessar... E vamos dando desculpas: "Porque hoje estou demasiado cansada"; porque tenho que sair e não tenho tempo, porque está muito frio, ou muito calor, ou muita chuva, ou simplesmente PORQUE SIM!"
Na relação as desculpas não são muito diferentes, são eles que têm o futebol que começa às sete e depois fica tarde, somos nós que nos negamos a jantar às dez, que não queremos ir ao cinema porque vemos um filme qualquer no sofá sem ser necessário trocar de roupa... 
Tudo porque a manutenção do amor dá demasiado trabalho, só gostamos da inovação que chega sozinha, da electrónica  porque termos que planear fins de semana e jantares românticos  pensar em locais diferentes, já não dá, isso era no início  no ano passado, agora preferimos uma relação mais "calma". (ou mentimos-nos com isso). 
É normalmente nesta fase que as relações dos outros parecem melhores que a nossa, especialmente dos que se conhecem há 2 semanas :) e ainda se beijam durante todo o filme e ainda dão presentes românticos  nós continuamos a receber flores e oferecer perfumes, não nos apetece muito pensar e dá muito trabalho escolher presentes, ah e eles e nós temos sempre tudo!
E vamos continuar sempre sem perceber porque é que a nossa relação é tão monótona,  porque é que a paixão ardente dos primeiros meses deu lugar a um amor morno...




segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Amizade, ou não...

Um amigo não envia 20 mensagens só porque não se respondeu à primeira... Aliás o amigo pensa de imediato "depois que me ligue se quiser"... e se não nos virmos num dia vemo-nos nas outras o mundo não terminará amanha...
E quando se relêm os emails, e todas as mensagens, vamos percebendo...E custa que procure semelhanças insignificantes entre nós para nos tornar mais próximos... Custa sobretudo perceber que o nosso entendimento de proximidade e essencialmente daquilo que nos aproxima é tão diferente! Não é porque temos uma foto ou outra parecida, porque vimos os mesmos filmes ou porque gostamos da mesma comida   que somos próximos ou distantes, às vezes as coincidencias são apenas isso, coincidencias... A próximidade é outra coisa, é a empatia total, a fusão de pensamentos e sentimentos, o adivinhar sem questionar e o nem precisar de saber...  E nem dá para explicar sem ferir, podemos passar anos assim, fingindo que não percebemos.  As pessoas são próximas quando partilham essencialmente algo especial: os mesmos sentimentos, e nós sabemos que temos  sentimentos dispares. E mais uma vez custa perceber que o "amigo" anseia por algo que nunca se vai poder dar... A amizade pode ser presenteada de forma incondicional, mas nada mais que isso... Mas a amizade não é de forma alguma aquilo que a outra pessoa quer. Um amigo não procura incessantemente reconstruir todos os passos diários do outro, não vive todos os seus atos e acima de tudo não cobra nada, porque é tudo natural...
E depois sentimos aquela dúvida intermitente falar ou não falar... e vamos deixando andar...
Incoscientemente vamos evitando as conversas que envolvem os nossos envolvimentos emocionais para não magoar e acabamos por ir alimentando as esperanças... porque a outra pessoa pensa "não tem ninguém, nunca falou de ninguém"....
E com o tempo a situação acaba por se tornar incomportável, não sabe como agir como reagir e não há amizade que sobreviva a interesses tão divergentes...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Os animais também amam

Este é o   Lord com o olhar vazio de quem não sabe porque perdeu a sua princesa... A princesa, foi atropelada há dois dias... Viviam juntos desde sempre, desde a barriga da mãe gata... Talvez não conheça o significado da morte, mas sabe que perdeu o seu tesouro mais precisoso... Que desapareceu a sua mana, amiga, companheira de todos os dias, a cumplice de todas as brincadeiras e de todas as asneiras proibidas... Agora vagueia pela casa, pelo jardim, pelo terraço à procura de qualquer sinal seu, sempre inquieto, sempre ansioso, sempre melancolico... Deixou de brincar... de subir às árvores, de comer com aquele apetite de felino esfomeado... Vai miando como que questionando todos os adultos onde é que é ela está... Queixando-se porque já não a tem... todos o entendem, porque a linguagem do amor é universal. E todos o afagam, e ele vai-se aconchegando nos colos humanos tentando compensar aquele amor puro e único que lhe faltou...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Os sem coração

E até parece que aquela pessoa não tem coração!
Ou não tem coração, ou não tem as ligações dos fios invisíveis suficientes para sentir... É mais ou menos isto que queremos dizer... Não ter coração significa o que? Que não se sente, que não se ama, que não se sofre? Ou que se sente mais, que se ama mais e que se sofre a triplicar?! Não estamos aqui a falar dos seres maléficos e atrozes que matam e queimam sem dó nem piedade, não, porque esses terão razões bem mais difíceis de explicar... mas das pessoas aparentemente frias, com aquele ar insensível e olhar distante de que nada as faz tremer! Aquelas que não têm coração!
Basicamente, o nosso coração, funciona como o sol, está sempre lá, mas às vezes é escondido por densas nuvens e grandes trovoadas! Existe mas não aquece, pelo menos não atinge os 40º nem o suficiente para conseguir o degelo que nos envolve.
Alturas houve em que foi difícil aguentar no peito um coração vulcão, a pular de sentimentos, capaz de provocar curto-circuito nos tais fios invisíveis, pleno de sentir e até de ingenuidade!
Talvez esse coração não tenha resistido ao choque térmico, á neve que caiu quando incandescente, talvez se tenha quebrado, talvez se tenha fundido, mas sem dúvida sofreu alterações irreversiveis.
E o coração continua lá, mas daquela cor carvão trazida pelo gelo sobre o lume... reacender carvão molhado, não é a mais fácil das tarefas, talvez com outro coração incandescente....

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Outono

Como se o nosso coração caísse em pedaços,
Em cada folha deslizando pelo chão...
Em tons verdes, castanhos, amarelados...
Se vão espalhando em cada espaço
Pedaços de cada coração...
E cores quentes, quase fogo em cada árvore
Que ainda lembram o calor que terminou!
Os amores que se passaram no Estio
E com o frio nada mais restou...

E o mar?! Mais  agitado, que foi calmo há pouco tempo,
Não esquece a azafama que a areia contemplou
Nas lembranças que agora recorda o vento...
A Brisa fria vai chorando com a chuva
Uma saudade doce que ainda agora começou...

Mas contrastando com o tempo mais cinzento,
A vida tem mais sentimentos coloridos
É o tempo de momentos mais intensos
E do brotar de todos os sentidos...


Fragmentos de uma só alma

Existem pessoas no nosso mundo que sabem que nos pertencem e que lhe pertencemos, que é um compromisso algo subentendido sem promessas, exigências ou rigidez... Pessoas com quem conversamos com o olhar e com a mente... Que sentem como nós, e que pensam diferente... Com quem o silêncio pode ser doce e nunca nenhuma conversa será entediante... Pessoas que nunca terão medo que vamos embora, que sabem a hora do ir e do voltar, e sabem quando nos ter quando nos amar e quando nos deixar partir sem nunca nos perdermos...
Independentemente da hora ou do momento  em que nos conhecemos, há pessoas que fazem parte da nossa vida desde sempre, apenas porque sim... Quando os nossos olhares se cruzam sentimos um sentimento de milhões de anos, uma cumplicidade de várias vidas e um amor de sempre e para sempre... Aqueles sentimentos mágicos que não se compreendem apenas se sentem...
Alguém denominou um dia por almas gémeas... Mas eu diria que pode ser ainda muito mais, pode ser apenas uma alma que se completa em vários fragmentos.
Claro que, estes encontros e reencontros mágicos só são possíveis aos aventureiros sofredores que se permitem viver com a alma fragmentada, os racionais e objetivos têm os olhos demasiado fechados para ver e sentir para lá do hedonismo pragmático. Demasiado sérios e precisos, se possuírem uma alma esta será impenetrável, forte como o ferro e fria como o gelo, impossível de partir ou fundir-se com o que quer que seja... Se a têm nunca a sentiram, se não têm, nunca lhe sentiram a falta, porque nunca necessitaram de a usar... (Nem todos temos a capacidade de sentir...)
As pessoas do nosso mundo, podem possuir apenas um fragmento milimétrico de uma alma mas sentem um vulcão dentro de si... Um vulcão que ameaça entrar em erupção sempre que sente os outros fragmentos ameaçados, tristes, infelizes... Uma montanha que estremece quando se abre um sorriso num outro olhar profundo...
No nosso mundo, as peças da alma fundem-se como num puzzle e tudo faz sentido porque no nosso mundo impera a subjetividade, a loucura sã que nos permite deixar a porta do coração  aberta mantendo os olhos fechados...
E no nosso mundo as pessoas permanecem para sempre, mesmo depois de ter ido embora para não voltar, porque os fragmentos podem estar separados mas sentem a presença uns dos outros...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Angustia política

Apoderou-se de todo o país um sentimento diferente... Nos últimos meses, talvez no ultimo ano, foi crescendo lentamente uma sensação desconfortante de incerteza, o medo permanente do amanha, que se sente mas que mingúem sabe muito bem como lhe chamar!


A OMS ( Organização Mundial de Saúde) define a saúde não apenas como a ausência de doenças mas como  um estado de completo bem-estar físico, mental e social. E se acrescentássemos também à definição um "bem-estar político"?!
É este mau-estar político que tem provocado a ausência de bem-estar global no país, a ansiedade patológica, a doença emocional de que temos sido vítimas!
Parece que a par do clima de austeridade se instalou o clima de pânico! Milhões de pessoas se deitam todas as noites sem saber que novidade existirá na manha seguinte, quase como se adormecêssemos na cratera de um vulcão. Quando é que será que ele vai explodir?! Não existem investimentos financeiros e nem pessoais porque pode ser tudo para perder... de repente deixou de ser possível planificar-se o futuro... Qualquer um pode ser despedido na manha seguinte, ter um corte descomunal nos rendimentos, deixar de conseguir fazer frente aos aumentos galopantes de todos os preços...
E vamos recordando o tempo de feroz sofrimento, contado pelos avós, da ausência de trabalho, de comida, e tem-se medo até das comparações, porque as coisas ditas em voz alta podem tonar-se mais reais. Há sempre alguém que recorda o tempo da outra senhora com revolta e expressa a vontade de novos cravos e um novo Abril... Mas ninguém vê capitães... Só um velho num  Restolho desprovido de vontade e de vida...

O longe tão perto...

Sentimos às vezes uma saudade boa, pequenina e doce, e outras uma falta intensa, mas sempre, uma presença constante, quase palpavel...
A ausência é um estado apenas físico, as pessoas continuam sempre presentes no nosso coração e nas nossas mentes. Captam-nos os maiores sorrisos através das lembranças mais doces, ou as mais estridentes gargalhadas pelos momentos mais patét...
icos, por tudo o que as tornou diferentes e especiais em relação ao aglomerado de gente que vai passando pelas nossas vidas. E mesmo longe sentimos a sua presença em nós, a sua marca em pequenas coisas que fazemos, pensamos e sentimos... Não há distância capaz de separar aqueles que nutrem sentimentos puros e verdadeiros! Olhamos para o mesmo céu e sentimo-nos mais perto...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sentimentos perdas e ilusões....
Há pessoas que nos surpreendem transformando o pouco em muito! Para, logo depois, exibirem a capacidade ainda mais surpreendente de transformar esse muito em nada...

É, sentimentos são mesmo assim, idiotas, inocentes e sem sentido... Não estou a falar do Amor, mas dos amores em geral... Amores que nos decepcionam tantas vezes, algumas porque nós deixamos... dá demasiado trabalho estar atento aos pequenos sinais não é? Claro que dá...
Só valorizamos pormenores que nos fazem bem, é giro que aquela amiga nova gosta exatamente de tudo o que nós gostamos, a mesma música, a mesma gastronomia, as mesmas comédias romanticas. Caramba somos quase almas gémeas... E aquele menino novo que parece que sempre adivinhou o que iamos dizer... A colega do trabalho onde entramos a semana passada, tão querida e atenciosa, estudou na mesma faculdade, transforma a hora de almoço em 60 minutos mais rápidos e agradéveis. Pormenores tão agradáveis de reter...
Enquanto isso, vao passando ao lado os pormenores que são só pormenores e não fazem sentido, a amiga nova que nos adora e venera, chegou aos 30 anos sem amiga nenhuma, nós temos uma justificação, claro que temos. foi magoada e traída por toda a gente. Merece ainda mais aquele especie de amor solidário que sentimos por ela.
 O menino, ou a menina, a igualdade de género também traz isto dissabores iguais,  que tem aquela empatia especial connosco, depois tem uns momentos distantes, ou o telemóvel desligado sempre à mesma hora. Nem precisamos de justificação, já sabemos que não deve ter rede ou bateria, pormenores sem importãncia nenhuma.
E a colega atenciosa e dedicada, passa 30 dos 60 minutos de almoço a desdenhar de outra colega, e de vez em quando tem um olhar estranho, quando fazemos algo demasiado bem, se não fosse tão nossa amiga quase quase nos irritaria... mas não!!! Nós sabemos que, apenas interpretamos mal (pela centésima vez) o olhar dela, nem para nós estava a olhar, e fala mal das colegas porque é um bocadinho injustiçada...
E bom, nestes momentos de semi-sonolencia, vamos vivendo com pessoas que transformam os tais poucos em muito. Muita diversão, muita empatia, muita amizade, ou muito amor... Perfect!!!
E quando ela chega, a decepção, nós nunca estamos preparados, apanha-nos sempre desprevenidos! Em choque!!! Porque não é a pessoa que nós conhecemos, a pessoa que se deu a conhecer ou a pessoa que quisemos ver nela, afinal é alguém capaz de atitudes arrogantes, crueis e egoístas, capaz de transformar aquele tudo que tinhamos em nada!
Claro que o sofrimento é inevitável, pela perda da relação e por nós, porque existe um papel que deixa de ser desempenhado na nossa vida, um lugar vazio na nossa novela e cujo fim não ésteve nas nossas mãos!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Os homens não são todos iguais... A tendência das mulheres, talvez...

Cada vez que uma mulher tem uma desilusão a frase repete-se em qualquer local do mundo "OS HOMENS SÃO TODOS IGUAIS". Mas serão? Serão os homens uma espécie de roubot que age de forma similar perante situações identicas. E porque existem então relações que funcionam? Nós também vamos tendo uma explicação para isso " É porque as mulheres fecham os olhos a tudo, mas eles são iguais aos outros"(ou não)...
Não será que o erro principal está no fato de procurarmos o motivo do fracasso sempre em razões externas a nós próprias?! Porque é que são sempre as mesmas mulheres a queixarem-se dos homens? Há a possibilidade de as outras mulheres já se terem resignado a uma relação fracassada, ou então... Este conjunto de mulheres, que se mantém fiel á teoria da igualdade inabalável entre os homéns, possuirem elas algo de demasiado semelhante entre si, caracteristicas que as diferencie das primeiras (das ditas resignadas) e que as leve a procurar, também, os "homéns todos iguais"! Confuso ou esclarecedor?!
Na verdade, o que acontece é que, sedentas de um grande amor, tendem a procura-lo em pessoas com caracteristicas semelhantes, Don Juan apaixonado, princepes sem cavalo, que mais cedo ou mais tarde se transformam em sapos... Ao lado, vão passando os apaixonados que lhes caem aos pés, aqueles seres sem sal, que perdem o interesse pela facilidade, porque estão sempre ali e não representam qualquer conquista ou adrenalina... E que são, a vida toda, preteridos, pelos mais bonitos da cidade, os mais divertidos do trabalho, os mais procurados, e os mais "cafajestes"... Então, os "sem sal" sobram para "as que fecham os olhos a tudo", (ahhh, agora já faz algum sentido, se calhar não há nada a que fechar os olhos)!
Então, seguimos preterindo os "bons rapazes" e vivendo os grandes amores da vida com os salta-pocinhas! E começam então as relações fracassadas! Primeiro porque, o Don Juan mantém vários amores, desiste-se e parte-se para outra. Os homens são todos iguais! Depois porque há princepes que as trocam por sopeiras. E os homens são mesmo todos iguais! Porque o meu grande amor passa semanas distante sem dar noticias, está diferente, sem motivo, e o "sapo" começa a dar de si! "MAS SERÁ QUE OS HOMENS SÃO TODOS IGUAIS?!" 
Não, os homens de algumas vidas são apenas, mal selecionados... 
 
 

sábado, 1 de setembro de 2012

Se se gosta mais... se se gosta menos? Se é um amor maior que todos os outros??? Não será porque é apenas o atual, o que vivemos no momento? Nunca se ama de maneira igual, não se compara o incomparável! É possivel afirmarmos sem dúvida que a rosa é mais bonita que a tulipa? Ou que o  que a cereja é melhor que o figo, se gostamos de ambos, cada um na sua época...

Cada vez que estamos apaixonados, com aquela sensação indescritível de querer estar unido sempre e para sempre, manter a mente e o coração ocupados a toda a hora com a mesma pessoa, pensamos também " Eu nunca amei assim". E assim fosse? Amariamos a pessoa seguinte sempre um pouco mais que a anterior? E qual seria o limite para o amor?
Na verdade nós nunca sentimos o mesmo por duas pessoas... O amor não se repete...  nem pela mesma pessoa voltamos a sentir o mesmo da segunda vez (quem já voltou, anos depois e perdeu parte do brilho no olhar, vendo um grande amor transformado em atração, paixão ou teimosia...).
O amor reveste-se sempre de formas divergentes. E nós tornamo-nos também numa pessoa diferente quando estamos apaixonados...
 Há aquele amor que nos torna doces e adolescentes, com vontade de correr na chuva e gritar no cimo das montanhas. Depois existe aquela pessoa que nos invade os pensamentos de forma descontrolada a toda a hora, um amor irrequieto, instável e delicioso... O que nos transmite calma, serenidade, proteção... (...) E nunca é igual... Os que nos fazem corar, os que nos fazem sorrir ao ler aquela mensagem linda pela manhã... O amor distante que é uma paixão desenfreada a cada reencontro, o amor de todos os dias e momentos, que é o namorado amigo e companheiro...
E quem consegue dizer de quem gostou mais? O que foi mais intenso? Quando é que o coração bateu mais forte?  Com que termómetro se medem os sentimentos?

domingo, 26 de agosto de 2012


Serão as lembranças que eu trago do teu corpo,

 Ou as saudades de mim quando sou tua,

 será dos dias que só passam com esforço,

 ou a vontade de te ter à luz da lua...

 Serão meus braços que anseiam pelos teus,

 Ou os meus passos que se ouvem na penumbra,

 Serão meus olhos que procuram tua sombra...

 A minha vida que chora o nosso adeus...

 É só a dor que me deixa entristecida,

 É a vontade de te ter na minha vida...

sábado, 25 de agosto de 2012

Os outros e a nossa felicidade...

Há dias em que o sorriso parece ser o nosso único aliado, até que percebemos que até o mais singelo movimento de lábios na tentativa de esboçar pequenas felicidades, se transforma em motivos de pequenas guerras e dissabores...


Andar sempre com um sorriso nos lábios, o mundo não precisa de saber se estamos a sangrar por dentro, se temos o coração em frangalhos, se já não acreditamos no amanhã, ou se passamos a noite em claro derramando todas as lágrimas que tinhamos guardadas há anos... Mas é assim que tem que ser, sermos fortes, educamo-nos  a acreditar que o mundo nos exige essa força, alicerçada ninguém sabe muito bem onde.... Obrigamo-nos a sofrer sozinhos e ou silêncio ou com um ou dois amigos por perto, só aqueles que nos entendem, e que nunca nos julgam ou vão contar...
E habituamos o mundo ao nosso sorriso constante e permanente (ninguém repara nas variações de brilho no olhar, é toda a gente muito ocupada para reparar nisso, é mais fácil contar-se os pares de sapatos ou as saídas à noite...) e damos aquele ar de felicidade, de bem com a vida. Somos aquela pessoa para cima, independente, FELIZ!!!
E enfim parece que conseguimos o que queriamos, ou não?! Ou não...
Parece que não, que o mundo (que é como quem diz, a mesquinhez das pessoas que o habita) não se compadece com a felicidade dos outros, ninguém parece ser grande apreciador de sorrisos, ninguém parece comungar assim tão bem do bem dos outros...  As pessoas gostam é do choro, dos deprimidos, dos infelizes... De todos aqueles que parecem carecer de ajuda e apoio, talvez por parecerem de algum modo mais frageis que eles próprios.
 E o nosso sorriso, real ou artistico despoleta todos os sentimentos que não gostariamos ver acordados...
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Amor depois de muito tempo...

E de repente parece que o amor brotou abruptamente daquela relação, que se deu uma explosão de paixão passado 4 ou 5 anos de viverem juntos, estão mais felizes que nunca, mil mensagens de amor e afeto e carinho nos mural das redes sociais, chamadas e mensagens a todas as horas e surpresas a todos os momentos, o mundo precisa saber que nos amamos...

O problema é mesmo esse... Só para tapar os olhos a todas AS pessoas do mundo. Especialmente às AS, e a alguma em especial, que ainda não se sabe bem quem é mas de quem já se sente a sombra. Porque há semanas que paira um vulto no ar, sempre que ele se aproxima e os seus beijos são mais rápidos, mais frios menos emotivos... Ah nós as mulheres temos esse sexto sentido, defendido há séculos, com ou sem fundamento... pormenores, como o toque das mensagens que toca mais vezes quando está connosco e o seu sorriso discreto que se abre involuntariamente quando as lê... e as músicas que ouve, tão diferentes, que deixaram de ser, aquelas nossas músicas, aquelas que falam do nosso amor... e as chamdas rejeitadas... e as horas e as horas em frente ao computador, se não fala comigo fala com quem, trabalho a mais, saídas a mais, e os nossos pressentimentos a mais...
Então é isso, a mulher insegura, praticamente todas iguais, sentem, quase que têm a certeza que começa a existir a crescer a tornar-se cada vez mais real, a materializar-se a existência da outra mulher, ainda que não se sonha quem!!! Fazer o que?! O óbvio, deixa-me demonstrar, deixar claro, sem margem de dúvidas que ele é MEU!!! Sim é meu e mesmo assim, com estas letras garrafais. Estamos bem e apaixonados, felizes sempre e para sempre e vai começar a saga!
Então para começar começam por alterar a foto de perfil, que sempre foi excentrica para uma foto apaixonada a dois, claro que as amigas todas vão comentar ( humm, a outra quando cá vier vai ver como estamos felizes), a outra se calhar vai e adora perceber que a foto está lá tirada num evento social, sem magia nenhuma, considera a situação ridicula, revesse ela própria na posição que tomou há meses para circunscrever o seu próprio espaço numa relação parecida e adora constatar que toda a gente comenta menos o pseudo-enamorado...
A seguir comenta, gosta de tudo, partilha músicas e coloca aquelas mensagens apaixonadas de toda a adolescente no ínicio de uma relação. Toda a gente diz, "Que bom perceber que estão tão felizes"... E depois todos nós dizemos no café: então não era a ele que devia dizer que o amava? é no Facebook que se fazem declarações de amor?"
Parte dois: Investe mais na relação... Liga, insiste convida, convida, liga, insiste,  e então investe-se num momento em que só se consegue uma coisa "SER CHATA". E o pior é ser chata em detrimento da outra pessoa que lhe arranca sorrisos ao ler sms, que o faz levar o telemóvel quando vài tomar banho... que o faz dormir fora em qualquer reunião a 50 km de casa... Vamos lá à parte três...
Surpresas... Jantares... Tentar descobrir quem é ela... Desespero, assim tudo misturado, perdendo a capacidade de raciocinio... Agora não se resiste e tenta ver as mensagens porque ele desta vez esqueceu-se do telemóvel, claro que não tinha nada... Ver as amigas todas, e os comentários todos... e os likes... e as chamadas... e chegar ao desespero... Colocar mais uma foto porque tem que parecer que está tudo bem... Está tudo bem!
E em meio destes solvancos e oscilando entre a relação estável que se vem tornando insuportável e a nova amiga que se revela sempre o oposto da namorada chata, porque é sempre a menina divertida, uma lufada de ar fresco...  Nunca se sabe como vai terminar...



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Eu...

Eu poderia ser apenas
Apenas assim
um mar sereno de emoções
Uma maré cheia de saudade
Gaivota fugindo à tempestade
Um sol queimando de paixões...
...
Em cada grão de areia,
Um doce sentimento
E em cada rocha
um tormento...
Metade sol, metade dor
Metade sal...metade amor...