quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Amor e rotina

Existem pessoas que passam pela nossa vida, de forma mais ou menos breve deixando  em nós demasiado de si. Pessoas que nos deixam uma saudade permanente, desesperante, no início e doce, passado muito tempo, mas que pode sobreviver toda uma vida. A saudade daquele olhar divertido e cúmplice  de todos os disparates, que mais ninguém consegue dizer e fazer-nos rir,  a falta de um sorriso, daquele abraço breve mas  intenso. Sentimos que nos fará falta a vida toda, nem que fossem só 5 minutos por semana, voltar a sentir o mundo abrir-se num olhar apaixonado e fechar-se num abraço apertado... Aquela pessoa que nos faz reconhecer o seu perfume em qualquer outra pessoa, em qualquer parte do mundo, deixando-nos o desejo de ficar só mais um pouco para sentir como se ainda estivesse ali! Alguém que nunca vamos culpar de nada, porque adoramos ao pormenor todos os seus defeitos, e que comparamos inevitavelmente com qualquer outro que cruze o nosso caminho com intenção de ficar...
E depois, então depois, existe outro sentimento, por outras pessoas... A falta de ter alguém ao lado no cinema só para segurar a mão, porque claro que só íamos para ver o filme. Das mensagens no telemóvel, é mais aborrecido mantê-lo mudo por horas, sem chamadas nem sms... Pessoas de quem sentimos a falta mas que não nos tiram o sono (se calhar nunca tiraram...). Aquela recordação do "Quando estava com ele ao domingo faziamos isto... e na passagem de ano iamos ali..." A falta do jantar no dia dos namorados e da surpresa  no aniversário. Pessoas que fazem falta para completar o nosso quadro... Mas que não nos fazem chorar e para quem não temos vontade alguma de ligar a cada grande novidade na nossa vida, até porque não chegamos a decorar o número dessa pessoa. Pessoas por quem nunca sentimos amor ou uma grande paixão, apenas um sentimento de habituação, cómodo e rotineiro. 

Sem comentários:

Enviar um comentário